O Sufismo é menos uma doutrina ou um sistema de crenças que uma experiência e uma forma de vida. É uma tradição de iluminação que leva adiante a verdade essencial através do tempo. Tradição que, sem dúvida, deve ser concebida em um sentido vital e dinâmico. Sua expressão não deve permanecer limitada às formas religiosas e culturais do passado. A verdade do Sufismo requer reformulação e expressão nova em cada época.
Se é que o Sufismo tem um método central, este é o do desenvolvimento da presença e do amor. Só a presença pode despertar-nos de nossa escravidão a respeito do mundo e de nossos próprios processos psicológicos, e só o amor cósmico pode abarcar o Divino. O amor é a mais alta ativação da inteligência, pois sem ele nada grande se consegue, seja espiritualmente, artisticamente, socialmente, ou cientificamente.
Um aspecto do Sufismo é a presença, e como se pode desenvolver esta presença e usá-la para ativar nossas qualidades humanas essenciais. Abu Muhammad Mutaish disse: “O Sufi é aquele cujo pensamento vai no mesmo passo que seu pé, quer dizer, está inteiramente presente: sua alma está onde seu corpo está, e seu corpo onde sua alma está, e sua alma onde seu pé está, e seu pé onde sua alma está. Este é o sinal da presença sem ausência. Outros dizem o contrário: ‘Ele está ausente de si mesmo, mas presente diante de Deus’. Não é assim: ele está presente consigo mesmo e com Deus.”
O Giro Sufi está associado à ligação da terra com o céu, da matéria com o espírito, ao contacto com o divino.
Através do giro o corpo pode entrar em contacto com o que contém de mais profundo, aumentando a consciência de si mesmo e daquilo que o rodeia.
Temos pouca informação precisa sobre as origens do Giro Dervixe. É certo que
expressões diversas e distintas daquelas desenvolvidas pelos Mevlevi estiveram
presentes em outras tradições e grupos Sufis. Algumas delas aparecem de formas mais
ritualísticas e outras com forte influência xamânica e na maioria das vezes, associada a
tradições musicais. Vemos estas últimas ainda hoje em grupos sufis de diversas regiões,
principalmente no Magrib, onde estas ordens utilizam o giro e a música de forma mais
selvagem, na busca por êxtases como forma de cura em rituais de forte influencia
xamânica. Em alguns desses grupos os sheiques e mestres são as mulheres que
conduzem as pessoas ao êxtase e transe para curar seus problemas físicos, psicológicos
ou espirituais.
Mas a forma como o Giro foi desenvolvido e apresentado pelos Mevlevi é bastante
distintas de todas as outras expressões. Sabemos que foi Shams de Tabriz, nascido na
Pérsia, que introduziu Rumi nas técnicas do Giro, e conferiu-lhe os significados e
mistérios. Sabemos que a cosmologia que os Sufis da Pérsia desenvolveram, a partir de
influências Zoroastras, gregas e herméticas e do próprio conhecimento Sufi, foi central
no desenvolvimento de sua filosofia, técnicas e práticas. Esta cosmologia nos descreve a
criação do universo como emanação de Deus e a procissão das Esferas e o surgimento
dos planetas como expressão da beleza e perfeição divina surgindo do ímpeto criativo
expresso no imperativo primordial Kun, seja. Este é o verbo através do qual Deus se
torna manifesto através de sua criação. Mas como nos conta o Profeta Maomé, Deus
disse: “Eu era um tesouro oculto, e amei ser conhecido. Por isso fiz a Criação”. E deste amor
e necessidade surge o verbo Kun, seja!, mas também Irji, retorne! Esta é a origem do
anseio e saudade da criação pelo Criador, é a força motriz que faz giras as esferas, os
planetas, átomos e todo o universo, e este giro é a expressão maior deste amor que
penetra e permeia toda criação em sua busca por retornar ao amado, sua origem e
destino último.
Esta é a dimensão maior do Giro Mevlevi conhecido como Sama e que, muito
provavelmente, na época de Rumi era mais livre e espontâneo, uma vez que ainda não
havia sido formatado no ritual que a ordem desenvolveu e vem apresentando desde
então. Mesmo porque, naquele tempo, as próprias escolas Sufis, em sua maioria, ainda
não haviam sido estabelecidas como ordens distintas, nomeadas segundo um mestre
fundador. A Ordem Mevlevi recebeu esse nome, pois Rumi foi conhecido e chamado
pelo nome de Mevlana, nosso mestre, mas os Mevlevis, e a liturgia dos giros, só foram
formalmente instituídos quando seu filho, Sultan Weled, assumiu a ordem como Xeique
após a morte de Husamuddin, sucessor de seu pai. Mas também sabemos que a ordem,
além do ritual conhecido, preservou o que é chamado de Giro ou Sema oculto. Onde os
dervixes se encontram às “portas fechadas” e onde o Giro está inserido dentro de uma
cerimônia mais íntima.
O Giro situa-se no centro do legado que foi deixado por Rumi e mostra ao ser humano o
seu verdadeiro e glorioso destino, embriagando os corações e deixando-os sedentos da
Presença do Amado. A cada passo ao redor de si, o dervixe busca seu coração e clama
pelo único Nome que reside dentro dele e que é o foco de seu anseio. A cada passo ao
redor do centro, ele busca aproximar-se do Senhor desse Nome, e com Ele compartilhar
do êxtase sublime da intimidade. E isso é feito dentro da esfera do amor, onde o amante
se dissolve e se confunde com o Amado e ambos tornam-se unos.
O Giro Dervixe não costuma ser ensinado isoladamente, mas faz parte de um conjunto
maior de conhecimentos e práticas e aqueles que desejam aprender são introduzidos
nessa tradição em momentos específicos de sua trajetória pessoal. É uma tradição
passada de forma íntima e pessoal, após anos de trabalho, exposição e incorporação de
níveis e estados de ser dentro do contexto maior da Escola, como expressão de uma
tradição que antecede o próprio Sufismo, e da qual ele é parte.
Na tradição do Quarto Caminho é dito que as Danças Sagradas (como é o caso do Giro)
são formas muito sofisticadas de se contar uma história, só que a história contada por
elas fala especificamente da condição do ser humano sobre a terra. Quando os
expectadores presentes à cerimônia compartilham desse conhecimento, mesmo que
intuitivamente, eles são transportados em direção aos cenários evocados que contam
sobre os caminhos que cada ser criado percorre em seu retorno à Fonte que o gerou.
O Giro não é uma dança ou técnica, ou um meio de se atingir estados alterados de
consciência, nem mesmo um meio de atingirmos as dimensões que descrevemos. Ao
contrário. Será somente após termos sido tocados pelas experiências que a percepção
destas dimensões despertam em nosso ser, que seremos então capazes de compreender o
real significado do Giro, e através dele, mergulharmos no infinito oceano da busca de
Deus por Ele mesmo. Portanto, o Giro não é um método, mas a expressão deste anseio.
Além disso, precisamos ter sempre em mente o que disse Fariduddin Attar, um autor
sufi que inspirou profundamente a poesia de Rumi: “Existem tantos caminhos a Deus
como Átomos no universo.” Por esta razão Rumi introduzia o giro somente àqueles que
possuíssem uma inclinação essencial a esta expressão e já estivessem maduros, ou que
já tivessem ingressado de forma intensa e responsável nesta jornada, tendo recebido
todo o treinamento prévio que permitisse a eles superar as fantasias e armadilhas do
Ego.
Na tradição do Quarto Caminho é dito que as Danças Sagradas (como é o caso do Giro)
são formas muito sofisticadas de se contar uma história, só que a história contada por
elas fala especificamente da condição do ser humano sobre a terra. Quando os
expectadores presentes à cerimônia compartilham desse conhecimento, mesmo que
intuitivamente, eles são transportados em direção aos cenários evocados que contam
sobre os caminhos que cada ser criado percorre em seu retorno à Fonte que o gerou.
O Giro não é uma dança ou técnica, ou um meio de se atingir estados alterados de
consciência, nem mesmo um meio de atingirmos as dimensões que descrevemos. Ao
contrário. Será somente após termos sido tocados pelas experiências que a percepção
destas dimensões despertam em nosso ser, que seremos então capazes de compreender o
real significado do Giro, e através dele, mergulharmos no infinito oceano da busca de
Deus por Ele mesmo. Portanto, o Giro não é um método, mas a expressão deste anseio.
Além disso, precisamos ter sempre em mente o que disse Fariduddin Attar, um autor
sufi que inspirou profundamente a poesia de Rumi: “Existem tantos caminhos a Deus
como Átomos no universo.” Por esta razão Rumi introduzia o giro somente àqueles que
possuíssem uma inclinação essencial a esta expressão e já estivessem maduros, ou que
já tivessem ingressado de forma intensa e responsável nesta jornada, tendo recebido
todo o treinamento prévio que permitisse a eles superar as fantasias e armadilhas do
Ego.
tudo leva a Deus quando se faz com amor. O giro, penso que assim seja, nos faz ir a Deus ,com os pes muito centrados na terra, isso quer dizer ,harmonia entre o corpo e o espirito, estar centrado, cabeça no céu e pes na terra.
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